sexta-feira, 22 de junho de 2012


 Carta de Vinhos

Posso levar o meu vinho?



Um número bem considerável de restaurantes simplesmente não admite que um cliente leve  um vinho para ser consumido com a refeição. Simplesmente se negam a fornecer taças e a abrir a garrafa. Argumentam que o procedimento é ofensivo, pois equivale a levar um pedaço de picanha para uma churrascaria e pedir ao churrasqueiro para assá-la...

            Como ensina a velha sabedoria, é prudente saber com exatidão onde estamos pisando. Uma coisa é um restaurante que não oferece vinhos aos seus clientes ou tem apenas uma relação com uma dúzia de produtos bem simples e populares. Neste caso, levar uma garrafa de vinho de inquestionável qualidade pode se justificar.  Mas, de qualquer forma, a boa educação recomenda conhecer a prática da casa, ainda que seja através de um simples telefonema.

     Outra situação bem diferente é a relativa a um restaurante enogastronômico.  Neste caso, houve um investimento expressivo para oferecer aos clientes uma adega climatizada, uma carta com vinhos de diferentes níveis de preço e qualidade, profissionais habilitados (sommelier e garçons) e taças apropriadas para cada tipo de vinho. Neste caso, convém se certificar antes se o seu vinho não consta da carta de vinhos do restaurante. Por exemplo: se a casa é de comida italiana e tem uma carta com os melhores vinhos do Piemonte, com grandes Barolos e Barbarescos, nada justifica  aparecer por lá levando um Dolcetto d´Alba ou um Barbera d´Asti

            Tenha sempre em conta que é ofensivo e inadmissível levar uma garrafa de vinho a um restaurante com o propósito de fazer economia, de gastar menos. Só se dê ao trabalho de levar o seu vinho se ele estiver à altura de acompanhá-lo dignamente ao estabelecimento escolhido. Quem, por exemplo, poderá negar que o Cheval Blanc da safra de 1982, guardado na sua adega e esperando por um grande momento, é uma companhia acima de qualquer dúvida ou questionamento?

            No caso do restaurante Fazenda das Videiras, adotamos a política de oferecer vinhos para todos os bolsos e exigências.  Ninguém deixará de tomar vinho porque todos os vinhos tem preço alto.  Disponibilizamos mais de 300 vinhos, das principais regiões vinícolas do mundo e de todas as castas mais prestigiadas.  O vinho de preço mais baixo  custa R$ 29 e o de preço mais alto custa R$ 999 (junho de 2012). Oferecemos em nossa carta cerca de cinquenta vinhos simples, populares, com preço inferior a 39 reais.  No outro extremo, disponibilizamos vinhos excepcionais, laureados com pontuação máxima em degustação às cegas, promovidas por instituições idôneas, mas nenhum deles custará ao nosso cliente mais de 999 reais. É nosso compromisso garimpar os vinhos considerados campeões da relação preço-qualidade, em todas as faixas de preço.  

Assim sendo, salvo por um motivo relevante, o cliente de um restaurante enogastronômico, como o  Fazenda das Videiras, não precisa se dar ao trabalho de trazer uma garrafa de vinho na bagagem. 

            Um motivo relevante é dispor, em uma adega domiciliar, vinhos como os Château Haut-Brion, Château Lafite-Rothschild, Château Latour, Château Margaux, Château Mouton-Rothschild, Château Cheval Blanc, Château Ausone, Petrus, La Tache, Romanée-Conti e outros vinhos excepcionais, destes que seguramente valem mais de mil reais a garrafa, quer pela safra, quer pelos méritos do produtor.  Tendo um destes, não hesite em trazê-lo à Fazenda das Videiras para degustá-lo com os pratos oferecidos pelo nosso restaurante. 

            Nem sempre o vinho que o cliente gostaria de trazer se enquadra entre os mais renomados do mundo.  Ás vezes, é presente de uma pessoa querida, em outras ele é significativo porque comprado em uma viagem de sonho, diretamente com o produtor, na própria vinícola.  Pode até não ser um grande vinho, mas é marcante e representativo de um momento mágico.

           Da mesma forma que não compete ao restaurante avaliar os motivos pelos quais um cliente traz uma garrafa de vinho, também é um direito inquestionável do restaurante estabelecer o preço que ele julga adequado para o serviço do vinho.  

        No restaurante Fazenda das Videiras qualquer pessoa pode trazer a sua garrafa de vinho, qualquer que seja ele.  Estejam certos de que nós nos sentiremos muito honrados em atendê-los, fazendo todo o serviço do vinho, que lhes será servindo em taças adequadas e precedido de decantação, quando for o caso.  Para este atendimento personalizado, cobramos o preço que julgamos adequado, a saber, uma “taxa de rolha” de R$ 99 para cada vinho que for aberto, valor este inferior à taxa de serviço de 10% que seria paga se o vinho estivesse à venda na nossa Carta de Vinhos.

            Nestes termos, o valor a ser pago pela “taxa de rolha” só parecerá exorbitante para aqueles que, querendo economizar, costumam aparecer de surpresa em um restaurante trazendo debaixo do braço uma zurrapa comprada na padaria.  Preocupados em levar vantagem em tudo, estes avarentos clássicos irão se arrepender amargamente quando descobrirem que o valor a ser pago pela  “taxa de rolha”  será mais alto do que o vinho que ele comprou para exercitar o seu pão-durismo às custas do esforço e do trabalho alheio...



atualizado em 22 de junho de 2012

domingo, 27 de maio de 2012

BREVEMENTE
AQUI
            • Os Direitos do Consumidor de Vinho
            • Como é a Carta de Vinhos IDEAL ? 
            • Os Enoavarentos e o Custo-Benefício
            • Robert Parker:  Impostor ou Doutor ?

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Passo Primeiro Passo

Esta é a primeira postagem de um blog que tem como razão aparente falar sobre vinhos. Apresentar idéias, debater, ouvir opiniões favoráveis e contrárias, informar sobre degustações e encontros. Com independência. Não temos parceria, acordo ou qualquer tipo de interesse com vinícolas, importadores de vinhos ou lojas de vinhos. Falaremos sobre vinhos, principalmente, 
mas não exclusivamente.  

 Assim sendo,  o vinho é e será sempre um agradável  pretexto para o nosso encontro por aqui.  Ele é  a razão do nosso encontro neste espaço, o motivo  deste blog.   Mas, vez por outra, ele poderá ser usado com um pretexo para falar de outro assunto.  Querem um exemplo de como o vinho pode servir de pretexto para falar de outro assunto ?  então, aí vai, com manchete e tudo: 


VENDA  DE VINHOS CAI 73% EM PETRÓPOLIS 
POR CULPA DA REDE GLOBO ! 
Agora, vamos ao texto:
"Fazendo um jornalismo de péssima qualidade, indigno da maior rede de comunicação da América Latina, a Rede Globo causou pânico e prejuízos imensuráveis ao município de Petrópolis. 
Em nome de uma liberdade de imprensa que não se cansam de reivindicar, os jornalistas de um modo geral - e em especial os que detém o quase-monopólio da informação no Brasil - noticiaram a catástrofe de Petrópolis, inclusive apresentando o mapa de todo o município. Levaram todo o Brasil a acreditar que todo o município foi atingido pela catástrofe.   
Ocorre que as chuvas torrenciais e a destruição ficou restrita a menos de 5% (sim,, cinco por cento) do município de Petrópolis, mais especificamente, em uma localidade chamada Vale do Cuiabá. Mas, como a desgraça gera audiência de TV e leitura de jornais, os jornalistas se incumbiam de generalizar, de noticiar que Petrópolis foi atingida por uma catástrofe de dimensões gigantescas.   
A informação imprecisa gerou pânico.  Em todo o Brasil famílias queriam saber se os seus parentes que moram em Petrópolis estavam vivos ou mortos.  Tudo motivado por informações genéricas, imprecisas, irrresponsáveis.   
A generalização não causou apenas apreensão, sofrimento e dor.  Causou enormes prejuízos.  Os turistas, apavorados, deixaram de vir a Petrópolis,cancelaram suas reservas,  programaram outro destino. Pousadas e Restaurantes vazios, sem clientes. Evidentemente, prejuízos, redução do consumo de comidas, bebidas e, consequentemente, vinhos. 
Prejuízo para as importadoras,  para as vinícolas brasileiras, para os transportadores, para lojas, para restaurantes. - para todos, enfim.  Em Petrópolis, a venda de vinhos caiu  73%   E tudo, rigorosamente tudo, por culpa da  irresponsável generalização dos jornalistas que criaram pânico ao invés de difundir a notícia precisa, correta, restrita aos seus limites geográficos.   
Os que são tão zelosos em reivindicar liberdade de imprensa devem assumir publicamente a responsabilidade inerente ao exercício desta liberdade.  E a distribuição desta culpa, evidentemente, precisa ser feita na proporção da irresponsabilidade de cada veículo.  E a Rede Globo é a grande responsável. Afinal, ela detém  detém 87% da venda de jornais do Estado do Rio de Janeiro e 74% da audiência da televisão em todo o Brasil. Desta forma, serve também de modelo, de referência, de padrão de qualidade. 
Sob o pretexto de fazer jornalismo, de levar a informação para todos os lares, a Rede Globo mostrou o drama sofrido pela parte (5% = Vale do Cuiabá) como se fosse o todo (100% = Petrópolis).  Talvez por açodamento, ou por incompetência, a Globo  acabou se tornando a  responsável por lucros cessantes e por danos emergentes para o governo municipal e para a população petropolitana. "  

Aí está nesta nossa primeira postagem uma matéria atualíssima, 
que serviu de exemplo de como o vinho serviu de pretexto para denunciarmos a irresponsabilidade da imprensa e, 
em especial, da Rede Globo de Televisão na cobertura da 
catástrofe localizada no Vale do Cuiabá.    

O PRETEXTO É O VINHO